sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Resenha livro "A breve segunda vida de Bree Tanner"

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Pela primeira vez Stephenie Meyer oferece aos fãs uma nova perspectiva do universo de “Crepúsculo”. Na voz de Bree Tanner, uma jovem vampira integrante do violento exército de recém-criados que assola a cidade de Seattle no terceiro volume da série, “Eclipse”, somos apresentados ao lado sombrio da saga. Bree vive nas trevas, sedenta por sangue. Não conhece sua verdadeira natureza e não pode confiar nos de sua espécie. Sua breve história acompanha a semana que antecede o confronto definitivo entre os recém-criados e os Cullen – a última semana de sua existência.
Bom, o final do livro não é um spoiler pra ninguém que tenha lido Eclipse, além da própria sinopse do livro revelar qual é o destino de Bree. O interessante desse spin-off não é o desfecho, mas sim a trajetória. Ele nos permite conhecer melhor as reações e o comportamento de um vampiro recém-criado (já que a Bella é uma exceção a todas as regras), além de abordar por outra perspectiva experiência de ser um vampiro, que não necessariamente condiz com a realidade perfeita vivida pelos Cullen.
A história é narrada em primeira pessoa por Bree, que é uma narradora muito melhor do que Bella. Ela é uma garota muito jovem que passou por diversos problemas familiares, sendo abusada fisicamente pelo pai e tendo que fugir para não correr o risco de ser espancada até a morte. Bree teve experiências muito traumatizantes, até ser encontrada por Riley (o amante de Victoria, a vampira sedenta por vingança contra Bella e os Cullen). A garota, que passava fome nas ruas, ficou encantada com um homem tão charmoso, estonteante e sedutor, e aceitou na mesma hora quando ele lhe ofereceu comida. Depois desse encontro, Bree foi levada à Victoria (tratada nesse livro apenas por ela) e sentiu toda a dor e agonia da transformação em vampira. Todos esses acontecimentos fazem de Bree uma personagem muito mais comedida, desconfiada e verossímil do que Bella. Entretanto, alguns clichês se repetem: ela é a garota que se esconde e não quer chamar a atenção e, ainda assim, consegue um amigo e também um pretendente.
Diego (o pretendente lol) é um personagem bastante carismático. Assim como Bree (e provavelmente como todos os outros recém-criados, que eram escolhidos na “escória”, como a própria protagonista diz), sua origem é triste e complexa, tendo a salvação em Riley. Ao contrário da jovem vampira, Diego confia muito em Riley, sendo inclusive seu braço direito. Entretanto, não posso deixar de comentar o quanto me frustrei com o relacionamento dele com Bree. O início do contato entre os dois foi muito coerente, cheio de desconfiança e cautela por parte da garota, considerando que ele era uma pessoa de confiança de Riley. Contudo, em apenas 24h (literalmente, ou muito próximo disso) os dois se apaixonam. Depois de uma madrugada conversando e um dia juntos, Bree fica totalmente encantada com Diego, tendo seus sentimentos correspondidos. Um clichê de Crepúsculo totalmente desnecessário de ser repetido, mas ok. Devo ter sido ingênua por pensar que isso não aconteceria. :P O lado bom é que o romance dura muito pouco, pois acontecimentos levam o casal a se separar. A maior parte do livro foca nos pensamentos de Bree tentando entender tudo o que se passa à sua volta e quais são as reais intenções de sua criadora e de Riley. Porém, o final do casal é realmente triste. Mesmo eu achando o seu início forçado, não pude deixar de me comover com o destino dos dois, que tinham tantos planos, como qualquer jovem que deseja explorar a vida e o mundo. Digamos que meu maior receio com relação a Diego se provou verdadeiro, e eu sofri junto com Bree ao constatar isso.
Os outros recém-criados são personagens bastante rasos e estereotipados. Existem duas gangues entre eles, sendo comandadas por Raoul e por Kristie, vampiros rivais. Raoul é o típico “valentão”, sempre causando brigas e discórdia. Kristie não é muito diferente, mas é mais caracterizada por tentar sempre agradar a Riley e não questionar nada do que lhe é dito, mesmo com evidências contrárias a um palmo de seu nariz. O recém-criado mais interessante (aliás, o personagem que mais me chamou a atenção no livro inteiro) é Fred, um vampiro com habilidades especiais. Ele é capaz de causar enjoo àqueles que tentam olhar pra ele, podendo passar completamente despercebido. Bree, na sua tentativa de não chamar a atenção de ninguém, sempre fica próxima a ele. No início do livro, ela se refere a ele como Freaky Fred, talvez por não saber que essa “repulsa” é causada propositalmente pelo rapaz. Mas o mais interessante acontece ao longo da história, em que ela se aproxima de Fred e constrói com ele uma espécie de “amizade silenciosa”. Essa mudança na visão de Bree é facilmente percebida quando ela muda o tratamento de “Freaky Fred” para apenas “Fred”. Eu achei muito fofa essa mudança de perspectiva, principalmente por Fred ser um personagem carismático e solidário, ao permitir que Bree fique sempre junto a ele.
Um questionamento que me fiz durante a leitura: por que só Bree, Diego e Fred são capazes de pensar? Bree é a vampira mais jovem, então teoricamente ela deveria ser uma das menos aptas a um pensamento racional, considerando que a sede e o sangue são os únicos pensamentos dos recém-criados. Talvez tenha sido a pressa de Stephenie para concluir o livro, ou graças às poucas páginas planejadas para ele. De qualquer forma, era um pouco cansativo ver como Riley manipulava facilmente todos os outros vampiros com desculpas esdrúxulas.
Outro ponto interessante é que, nesse livro, os vampiros de Meyer são muito mais próximos da visão de vampiro que a maioria das pessoas tem. Ao contrário dos Cullen, o grupo de Riley é sedento por sangue e vê os humanos como nada além da refeição. Eles caçam, matam e escondem os corpos de forma muito natural. Depois de 4 volumes em que o vampirismo era visto de uma forma totalmente romantizada, posso dizer que achei bem mais cruel a descrição feita em A Breve Segunda Vida de Bree Tanner.
O livro não é dividido em capítulos, o que eu achei um pouco cansativo. Há alguns anos (leia-se: desde que entrei na faculdade e passei a ter mil textos pra ler e trabalhos pra fazer) que eu não consigo mais parar e devorar um livro de uma vez só. A história não é muito envolvente, mas é interessante e se encaixa muito bem nos acontecimentos de Eclipse, explicando inclusive alguns fatos sobre os Volturi (sério, eles conseguem ser ainda mais desprezíveis) e também mostrando todo o caráter e bondade de Carlisle e Esme. É uma pena que o destino de Bree não tenha sido um pouco melhor, porque mesmo sabendo o final da vampira foi impossível não torcer para que ela tomasse decisões diferentes ao longo da trama para evitar seu desfecho trágico. Para quem gosta da saga Crepúsculo ou da escrita da Stephenie Meyer, considero A Breve Segunda Vida de Bree Tanner uma boa pedida, pois é um livro curto e fácil de ser lido. Foi uma sensação muito bacana poder viver novamente um pedaço dessa história. :D

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